terça-feira, 28 de agosto de 2012

BATE-BOLA COM SAMBAQUY




















Velhos amigos que deixaram saudade

Geraldo Cardoso Décourt (São Paulo)
















Eu tive a felicidade de conhecer e conviver por algum tempo com o grande Geraldo Cardoso Décourt. Muitos atribuem a ele a criação do futebol de mesa em nosso país. Coisa que ele sempre detestou e repudiava, pois segundo sua biografia escrita para o Futebol e Botões, ele aprendeu a jogar em 1922, com os Irmãos Mangini (Higino e Francisco), no Rio de Janeiro. Como era organizado, publicou em 1930 o primeiro exemplar contendo regras de futebol de mesa (na época ele apelidou de futebol Celotex, pois jogavam em mesas feitas com esse material, proveniente dos Estados Unidos e semelhante ao  Duratex). Décourt morou em Porto Alegre por cinco anos, por volta de 1946, tendo promovido um campeonato aberto com cobertura pela Folha da Tarde, onde se inscreveram, segundo ele relata, uns 400 botonistas. Décourt escreveu um livro e nele dedicou um capítulo ao futebol de mesa. Quando o fez, estava com 76 anos de idade e a renda da venda dos livros servia pagar ajudar a pagar seu caro tratamento.

Em abril de 1987, publicou um comunicado circular que enviou a todos os seus amigos, como uma forma de propaganda do livro, do qual transcrevo alguns trechos:

“Impossibilitado de fazer cartas individuais (mais de uma centena), optei pela forma que estou usando (circular) no que espero ser compreendido. Para os que estão lembrados, meu livro teria o título “Enquanto Puder Possa” e o subtítulo: “Tchau, tchê!”Eis que a minha paralisia parcial impediu-me de Poder-Poder... e alterei o esquema inicial transformando-o num “Aconteceu, sim!”
Mais detalhes do “acontecido” vocês vão encontrar na leitura do mesmo, que acompanha esta. Não quis fazer um livro árido sobre o quanto penei na fase mais cansativa e sofredora que passei. Procurei fazer um trabalho fluente em sua narrativa, estimulante e aconselhador pela Experiência ganha em meus 76 anos de Vida-Vivida, na vida que me foi dada viver. Fiz um trabalho para ser lido e estudado ponderadamente. Não contarei só a minha história, mas a de muita gente. Ainda ontem vendi cinco exemplares (um para cada filho de meu analista de 58, todos com mais de 30 anos, já formados, residindo um em París). Soube que na época para melhor conduzir minha recuperação, seu pai, comprou livros de arte, telas e tintas. (Décourt era pintor de quadros). Vi então que fiz um livro para o Futuro.

Na parte sobre o botonismo, o nosso futebol de mesa, fui histórico e infelizmente não pude ser extenso, pois já disse tantas vezes e novamente repito: José Ricardo Caldas e Almeida, por ser mais jovem será o Historiador com mais possibilidade de êxito e possui farto material em mãos.  Quis em minha abordagem explicitar aos ex-praticantes e não alinhados, que o futebol de mesa EXISTIU, EXISTE E EXISTIRÁ SEMPRE, QUEIRAM OU NÃO. Infelizmente, como o MAIS VELHO no metier, fui injustamente codificado como caduco, e um radical-saudosista. Puro engano, mas SAUDOSISTA SEREI SEMPRE E CADA VEZ MAIS, pois sem pessimismo, não possuo no momento a mais remota previsão de voltar a praticá-lo, pois embora recuperado em minha musculatura, meus pés não me permitem ficar em pé (num simples Kick-off) e de cadeiras de rodas NINGUÉM JOGARÁ COMIGO...

Para encerrar, cada um de vocês organizará um grupo de interessados no meu livro, ao preço unitário de Duzentos Cruzados. Acumulem o arrecadado, remetendo-me em cheque nominal. De posse do mesmo remeterei o pedido, pois MEU LIVRO NÃO SERÁ VENDIDO EM NENHUMA LIVRARIA DO BRASIL. CONTO COM O APOIO DE VOCÊS. Obrigado.

Esse era o grande Décourt. Eu enviei o cheque nominal a ele, fazendo um pedido de diversos livros, muitos dos quais doei a amigos que praticavam o futebol de mesa. O meu, que ainda conservo em minha prateleira, veio com uma dedicatória que valoriza muito a obra:

“Ao bom “irmão” SAMBA um pouco mais de minha história para que tome conhecimento do que me... ACONTECEU, SIM... na vida que me foi dada viver. Abraço do “Raposão” DÉCOURT. São Paulo, abril/87.

Décourt faleceu em 27 de maio de 1998, deixando uma imensa saudade em todos os seus amigos e familiares.

Walter Morgado (Brasília)





















Esse amigo de Brasília foi um amigo por correspondência. Nunca estivemos juntos, frente a frente. Apenas conversávamos por correspondência, apresentados pelo amigo comum José Ricardo Caldas e Almeida.

A cada final de ano nos cumprimentávamos, via cartão de Natal e desejávamos um ao outro um grande Natal e um Ano Novo cheio de felicidade. Isso se iniciou nos anos oitenta e continuou até o Natal de 2007. Enviei o cartão ao Morgado e, poucos dias antes do Natal recebi a resposta, num envelope sem pompas natalinas. Escreveu o amigo Morgado: Amigo Adauto retribuo os votos de Feliz Natal e Ano Novo. Infelizmente meu Natal de 2007 não será como de outras datas, pois a minha esposa cumpriu a sua missão aqui na terra e partiu para junto de Jesus.

Amigo Adauto e esposa sejam muito felizes! Boas Festas! Votos do amigo Morgado
Em tempo (escrito num cantinho): Fiquei contente em saber de sua volta ao futebol de mesa; desejo sucesso em suas novas conquistas. Abraço do amigo de sempre: Morgado.
Junto, como se fora um cartão de Natal, remeteu uma homenagem à sua esposa Maria da Conceição Soares Morgado: (22.02.1930/ 29/05/2007).
Não é necessário dizer que aquilo tudo deixou minhas festas natalinas sem o brilho que desejava, pois sabia que em Brasília o meu amigo estava sofrendo a dor da ausência de seu amor eterno.
Mas, a vida nos reserva surpresas que nem sempre são agradáveis.
O FuteboldeMesaNews.com.br, publicou uma noticia que complementou a minha tristeza: Dizia a noticia: A família botonistica de Brasília está de luto. Morreu, dia 2 de fevereiro 2008, o mais antigo técnico de futebol de mesa brasilense: Walter Morgado.
Vitima de um ataque cardíaco fulminante, ele faleceu aos 76 anos de idade. É mais um botonista para disputar o campeonato promovido pelo Todo-Poderoso. Em Brasília desde 1961, passou a praticar o futebol de mesa na Capital Federal com um grupo de amigos, das quadras vizinhas a dele, em 1968. Em 1971 criaram a Associação de Futebol de Mesa de Brasília. Passou para a regra de três toques em 1979 e permaneceu até 1995, quando problemas em seus joelhos o fizeram abandonar seu hobby preferido. Nesse período, seu time, o Dragão Negro (em homenagem ao Flamengo, sua paixão futebolística), desfilou o seu belo e eficiente jogo pelas mesas de Brasília. Durante todo esse período fazia questão de iniciar cada ano, sempre no dia 1º de janeiro, com um amistoso contra seu filho Antonio Carlos Morgado (Arsenal). Disputou poucos brasileiros e, talvez, por isso mesmo, não seja muito conhecido nacionalmente. Mas, os que não o conheciam podem ter certeza: era um dos melhores jogadores de futebol de mesa do Brasil.
Transcrevo a homenagem que a família distribuiu aos amigos na missa de sétimo dia:
“Walter Morgado, um anjo especial, uma pessoa extremamente feliz e caridosa. Gostava de viver, mas dizia-se pronto para a vontade de Deus. E essa foi Vossa vontade, nosso anjo voltou para o céu. Agradecemos a Ele o tempo que o deixou conosco. E ao Walter, obrigado por seus ensinamentos, conversas, ajudas. Obrigado pelos momentos de diversão, pelo coração enorme. Obrigado por sua amizade, sua preocupação. Pensar em você nos deixa mais feliz. Sua companhia era agradável, suas lembranças, especiais. Walter Morgado, pai, avô, bisavô, sogro, tio, vizinho, amigo, colega, aluno, paciente... fique bem, pois estarás sempre feliz em nossos corações! Sentiremos saudade...”
76 anos tinham os dois amigos/irmãos citados nessas crônicas
Vejam bem as coincidências. Ambos botonistas, ambos com 76 anos de idade quando os fatos narrados aconteceram. Um na regra de doze toques, outro na de três toques. Faltou um na nossa regra, ou seja, de um toque. Por força do destino, em outubro, eu chego aos 76 anos de idade. Quem sabe não seja o prenúncio do que poderá acontecer e eu seja o escolhido para figurar com os dois botonistas que já nos deixaram, fazendo com que a saudade suprisse a sua ausência?
Só posso dizer que estou preparado e não tenho medo de partir. Tenho certeza de que encontrarei coisas lindas do lado espiritual. E reverei os grandes amigos que já nos deixaram, e quem sabe, lá no Paraíso não consigamos implantar o nosso esporte preferido, se já não está funcionando uma grande Confederação Celestial de Futebol de Mesa.
Antonio Maria Della Torre (São Paulo)





















Natural de Casa Branca, interior paulista, transferiu-se para a capital em 1963, ano em que eu assumi meu cargo no Banco do Brasil. Trabalhava em uma empresa japonesa até aposentar-se. Desde 1953 praticava o futebol de mesa, como qualquer um de nós, surrupiando os botões dos casacos de suas tias Noêmia e Maria, além de fabricar botões com tampas de pomadas, cremes, etc. Jogava em sua cidade aos domingos, após a missa das sete horas, mas nas férias, as disputas passavam a ser diárias. Seu primeiro time foi conseguido na troca por uma coleção de marcas de cigarros, e segundo ele, foi um dos times mais feios que possuiu em sua vida, Seu despertar para o futebol de mesa, na capital paulista, foi quando viu seus dois filhos: Henrique e Carlinhos jogando em um Estrelão. Viu que os meninos levavam jeito para a coisa e com isso acabou comprando uma mesa oficial. No inicio dava goleadas estonteantes neles, mas os dois e mais seu cunhado evoluíram e os jogos passaram a ser “pau a pau”.
Ao chegar à São Paulo, orientado por um ex-árbitro casa-branquense, cursou a Escola de Árbitros da Federação Paulista de Futebol, onde se formou e atuou até 1968, quando solicitou afastamento por motivos de princípios e escassez de tempo e maior dedicação ao seu serviço. Um dia, em sua empresa, viu um rapaz com alguns botões e como havia voltado a jogar em casa, interessou-se e soube que o referido jovem participava do clube Riachuelo. No sábado seguinte, lá estava ele, assustado com tanta técnica. Encontrou grandes personagens como Guilherme Biscasse e Eliahou Vidal. No sábado seguinte teve a felicidade de conhecer Geraldo Décourt e desde então a sua trajetória marcou o futebol de mesa paulista e brasileiro. Junto com Décourt criaram o Botunice (Botonistas Unidos de Campos Elíseos), bairro onde Décourt morava. Como dirigente, levantou a bandeira da Federação Paulista, organizou a regra de 12 toques e participou da sequência inicial dos grandes campeonatos brasileiros realizados nessa regra. Foi um dos baluartes na criação da Confederação Brasileira de Futebol de Mesa, escrevendo seu nome em letras douradas na unificação das três regras que deram origem a essa entidade. Foi um amigo maravilhoso, com quem tive a alegria de conviver inúmeras vezes, quando realizei um Curso no Banco do Brasil, na cidade de São Paulo. Della Torre residia em São Bernardo do Campo e em sua casa, duas mesas oficiais acolhiam seus visitantes. Lembro com saudade dos finais de semana que sempre passava em companhia de botonistas paulistas. Ora, em torneio na Petlem, ora no Som-só-som, ora no Riachuelo, ou no Botunice, ou assistindo uma disputa entre as equipes do Botunice com o pessoal de Santos, na baixada santista. Nosso último encontro foi em Curitiba, quando, no Circulo Militar foi realizado um torneio entre paranaenses, paulistas e catarinenses. Como seria esse torneio realizado na regra paranaense, bem próxima da paulista, Della Torre fabricou um time, tipo argola vermelho e branco para que eu pudesse participar, pois nossos botões (Regra Brasileira) lisos não serviam para esse tipo de jogo.
Della Torre, pouco antes de sua aposentadoria comprou um sítio no interior paulista, seu sonho de consumo. Para a infelicidade geral de sua família e de seus inúmeros amigos, sua presença foi requisitada pelo nosso Criador, em setembro de 2000. Fui comunicado pela querida dona Neusa, do triste passamento desse amigo inesquecível, uma das maiores personalidades que conheci no futebol de mesa e que pensava em todos, antes de pensar em si. Além de excelente botonista, campeão do primeiro campeonato brasileiro na regra paulista, realizado em São José do Rio Preto, era um caprichoso fabricante de botões e de troféus alusivos ao nosso esporte. Fui obsequiado com um lindo troféu, ofertado pelos amigos do Botunice, representando uma mesa oficial, com dois times, metas e goleiros, sustentado por duas hastes em um pedestal preto de acrílico, com os dizeres: Ao amigo Sambaquy, dos irmãos do Botunice – SP-out/81.
Claudio Schemes (Porto Alegre)
















Esse amigo, nascido a 28 de maio de 1930, foi uma das pessoas com um coração enorme que o futebol de mesa teve a alegria de possuir em suas fileiras. Conheci-o quando já morava em Brusque. Ele, de passagem pela cidade me procurou na agência do Banco do Brasil, falando no segundo grande amor de sua vida: o futebol de mesa. Sua maneira dócil e alegre cativou a todos os botonistas brusquenses e isso fez com que a cidade se tornasse rota obrigatória de sua passagem por Santa Catarina. Sempre com o seu Rolinter, uma homenagem ao Rolo Compressor, que nos anos 40 a 50 esmagava a todos os seus adversários. Essa amizade fez com que nos aproximássemos e vimos, através de suas mãos, o Departamento de Futebol de Mesa do S. C. Internacional surgir e motivar os gaúchos a grandes conquistas nesse esporte. Vimos nascer a AFUMEPA, da qual foi seu primeiro presidente, realizando diversos intercâmbios com esses amigos/irmãos, tanto em Brusque como em Porto Alegre. Conheci a sua casa, à Rua Vicente Palotti, em Porto Alegre, onde com sua esposa, sua filha Dionéia e seus dois filhos campeões Cláudio Luiz e Paulo, se tornara o centro do futebol de mesa da capital dos gaúchos. Tenho a alegria de privar da amizade de seu irmão sanguíneo Mário, que por uma afinidade toda especial se assemelha ao irmão carismático.
Foi um dos líderes mais atuantes no futebol de mesa gaúcho, sendo presidente da União Gaúcha de Futebol de Mesa, hoje Federação Gaúcha, e vice presidente da Associação Brasileira de Futebol de Mesa, a qual se juntando às Associações que geriam as duas outras regras, deu origem à Confederação Brasileira de Futebol de Mesa.
Foi o idealizador do grupo Bola Branca, que reúne uma elite do futebol de mesa do Rio Grande do Sul, transmitindo-lhes a harmonia e o companheirismo que ele sempre soube tão bem viver em sua existência. Ao aposentar-se, passou a dedicar seus dias ao futebol de mesa, formando uma geração de campeões que ostentam o seu sobrenome. Quanto orgulho o vovô Cláudio teria ao ver hoje seus netos e bisnetos praticando o esporte que ele sempre amou e ajudou a fazer tornar-se grande. Eu acredito que, de onde estiver, deve saborear cada triunfo, cada jogada feita por seus familiares e vibrar com as conquistas, que não são poucas e que ele enaltecia com tanto ardor, nas prateleiras carregadas, em sua casa.
Esse amigão nos deixou, convocado pelo Pai Celestial em 23 de dezembro de 1993, sendo o primeiro dos baluartes Bola Branca,  homenageado hoje, nesse bate bola da saudade.
Enio Chaulet (Caxias do Sul)
Aos meus amigos o nome do Enio deverá parecer estranho e desconhecido. Em algumas das minhas primeiras crônicas falo dele, e dos jogos que fazíamos em sua casa. Enio era filho de uma professora e de um dentista, e morava no centro de Caxias. Na época, o apartamento em que residia ficava na parte superior a um Café Bilhar, em frente à Caixa Econômica Federal. Corriam os anos cinqüenta quando o conheci. Minha tia Gessy e a mãe dele eram professoras na mesma escola e foi ela quem nos aproximou. Logo descobrimos que gostávamos do mesmo esporte e com alegria descobri que o Enio tinha uma mesa enorme em sua casa. A mesa tinha de ser armada na frente do apartamento, uma espécie de hall de entrada. Eram necessários dois para levantar a dita mesa. E ali ficávamos sábados e domingos jogando. Não havia tempo de jogo, era até determinado número de gols. E com isso, muitos eram os domingos em que eu chegava a casa atrasado para o almoço, gerando o castigo de não poder ir a matine no cinema Guarany. Foi ali que começaram a aparecer os primeiros botões puxadores, caríssimos para os nossos parcos recursos. A regra utilizada era a toque-toque, com algumas variações adaptadas por nós, pois sempre aparecia gente que jogava em regra diferente.
Com a mudança de colégios, nossos horários passaram a ser diferenciados e isso foi esvaziando os encontros, até que pararam de vez.
Quando introduzimos a Regra Brasileira e espalhamos por vários clubes da cidade, tive a honra de ver o Enio aparecer na sede do Vasco da Gama, onde praticávamos o nosso esporte. Chegamos a jogar uma partida em 15 de junho de 1971, e o Enio continuava sendo um exímio botonista. Depois disso desapareceu, não continuando a praticar. Faleceu em 16 de agosto de 2006, em Caxias do Sul, deixando saudade em seus colegas e amigos.
Webber Seixas (Bahia)




















Esse baianinho porreta foi, sem sombra de dúvidas, uma figura impar no mundo do futebol de mesa (na primeira foto do conjunto de 3 fotos, é o mais baixo, à frente do grupo). Antes de conhecê-lo pessoalmente, já havia recebido fotos de suas conquistas, através de Oldemar Seixas (não havendo parentesco, apesar do mesmo sobrenome). Webber se sagrara campeão do Primeiro Nordestão. Ao  chegar em Salvador, juntamente com Ghizi, em 1967, Webber era nossa companhia. Diariamente tínhamos compromissos, em apresentações nos diversos clubes que praticavam nosso esporte. E o Webber estava em todos eles, junto conosco. Carregava seu time (Palmeiras) em uma caixa de plástico. Geralmente, em todos os locais sempre havia algum tipo de petisco, ou mesmo um jantar, sempre no sentido de nos homenagear. Sobrando comida, os botões paravam nos bolsos e o resto da comida para a caixa de plástico. Não tinha vergonha de levar comida para casa, pois tinha vários filhos.
Jogava maravilhosamente, mesmo com a dificuldade de seu tamanho diminuto, pois não conseguia chegar ao centro da mesa, mesmo ficando na pontinha dos pés. Apesar de haver se sagrado campeão no ano anterior ao primeiro campeonato brasileiro, não participou da equipe de baianos que disputaram os troféus. Formava com Roberto Dartanhã e José Santoro Bouças (Pepe) o trio Brahma. Isso porque eram proprietários de um estádio feito especialmente  para eles, com um contorno arredondado nas cabeceiras, deixando as traves mais afastadas do que as que são usadas na atualidade. Esse estádio era chamado Parque Brahma, pois em São Paulo existia o Parque Antártica. Webber era o homem da piada pronta, não dava para ser levado a sério, pois estava sempre rindo. Em 1994, quando estive em visita aos amigos baianos, fomos almoçar na casa de Ademar Carvalho. Comigo estava um amigo brusquense, dentista de profissão. Na casa de Ademar ficamos jogando conversa fora, quando surge o Webber, com a segunda esposa e um filho. Cabelo todo branco, mas ainda o incorrigível gozador de sempre, e atrás de um almoço grátis. Abraçamo-nos com saudade. Ao ser apresentado ao meu amigo brusquense, foi categórico: -Prazer, Webber Seixas,  administrador do Zoológico. Meu amigo Vilson, um amante da natureza, começou a indagar sobre a zoologia, quando o Ademar, às gargalhadas, refutou: administrador de Zoológico não, anotador de jogo do bicho...
Assim era o Webber, uma pessoa que deixou muita saudade quando partiu. O Oldemar me comunicou o seu falecimento, pouco tempo depois do falecimento de Ademar Carvalho.
Por hoje não vou mais falar de saudade. Teria muitos outros amigos que já partiram a serem lembrados, mas o espaço é valioso para lamentações e deixarei para outra ocasião.

2 comentários:

lhroza disse...

Amigo "SAMBAQUY"...
Que alegria ao abrir nosso "Notebook" e ir direto procurar sua COLUNA, pois a cada uma delas mais nos emociona esse lazer que é o FUTMESA.
Sim, todos esses consagrados e abnegados botonistas citados, em muito contribuiram para o que hoje essa "gurizada" tanto se espelham e tentam manter a chama viva.
Alguem tem que carregar o "piano", digo em tom de bricadeira, pois a idade vai chegando mas as: emoções,as lembranças de belas jogadas, essas jamais serão esquecidas.
Sem contar com as AMIZADES, conquistadas ao longo das competições, e reafirmadas em cada reencontro.
Até +

SAMBAQUY, Adauto Celso disse...

Amigo Roza,
Cada um de nós tem uma história de vida diferente das demais. Escrever um pouco do muito que fizeram é uma forma de poder enaltecer o trabalho de transformar o nosso esporte naquilo que é hoje. Talvez eu volte a escrever sobre esses amigos que partiram apressadamente, deixando-nos na saudade, mas fico imaginando qual será a reação dos leitores, pois são tantos a merecer a nossa lembrança.
Quanto a carregar o "piano", quero lembrar que depois de vencer você, em Caxias, nunca mais joguei. Acredito que vou tentar imortalizar essa última partida...
Obrigado por seu comentário.