Visita a Caxias do Sul
Voltando a escrever sobre fatos de nosso esporte, informo que estive cumprindo dois compromissos na cidade de Caxias do Sul, no ultimo final de semana. A viagem, saindo de Balneário até a cidade caxiense é dolorosa e faz com que não a possamos fazê-la com continuidade. Tirando o cansaço, já na chegada, hospedado no Personal Hotel, local onde foi realizado o XXIX Centro Sul Brasileiro em junho de 2011, rumei para o primeiro compromisso assumido. Era mais uma reunião de nossa turma de Ginásio. (Para os jovens da atualidade, que talvez nem saibam o que era Primário, Ginásio e Científico, devo dizer que foi com esses amigos que a minha formação se concretizou. O Ginásio era composto por quatro séries, que ao final nos dava a oportunidade de passar ao Científico, preparando-nos para a Faculdade).
A nossa turma estava comemorando
o 58º aniversário da formatura, a qual foi realizada no Clube Juvenil. O local
escolhido foi a Galeteria Brazile, na Rua Os Dezoito do Forte, 500. E lá
encontrei diversos botonistas que iniciaram o movimento em nossa cidade.
Delesson Orengo, Roberto Cagliari Grazziotin, Juliano de Moraes Viegas foram
adversários que compareceram à festa. Já, Thelmo Cardoso, Moacyr Boff, Marcos
Pedro Amoretti Lisboa, Regis Ivan Berti, falecidos, também foram botonistas.
Foi um almoço em que o que mais
rolou foi saudade dos bons tempos. Recordações de brincadeiras, de estudos, de
provas (que nos tiravam o sono) e das amizades que sobrevivem ao tempo. Só essa
já compensou a viagem.
Á tarde, Daniel Maciel passou no
hotel e segui com ele até a escola onde estão os nossos mais promissores
juvenis. Nessa escola está montada uma oficina de ensino do futebol de mesa,
com algumas maravilhosas mesas à disposição dos alunos interessados. Acredito
que seja esse o caminho para a eternização de nosso esporte.
Terminamos à tarde no Vascão,
batendo uma bolinha. Tentei jogar contra o excelente Gustavo Lima, mais
conhecido como Pica Pau. Quem diria que o cara que levou o futebol de mesa, na
Regra Brasileira para o nosso estado teria de aprender com esse menino gigante,
que está cada dia mais consolidando o seu nome no cenário nacional. Até que não
fiz muito feio, pois fui derrotado por 3 x 2 no último chute. Valeu pela aula
meu querido amigo Pica Pau.
No dia seguinte o segundo
compromisso. Esse também com uma turma da pesada. Meus companheiros de Caserna,
com a realização de mais um encontro, comemorando 57 anos de nossa incorporação
ao 3º Grupo de Canhões Anti Aéreos 40 mm. Hoje esse tipo de canhão está
defasado. Grandes amigos e alguns botonistas entre eles. Ivan Mantovani e
Rubens Constantino Schumacher que foram meus colegas de Banco do Brasil e que
jogavam futebol de mesa comigo. Algumas ausências, motivadas por problemas de
saúde, perfeitamente aceitáveis em nossa idade. Mais uma festa, com a comida
maravilhosa que Caxias oferece a quem dela quiser desfrutar. Foram emoções
imensas, com recordações de um tempo maravilhoso, que todos nós queríamos que
passasse o mais rapidamente possível, mas que hoje acabaram substituídos por
uma saudade imensa. Foram algumas horas de conversas, com abraços a cada novo
membro que chegava ao ambiente.
Ao final do almoço, Daniel
Pizzamiglio e o presidente Rogério Prezzi foram requisitar a minha presença,
pois haviam me inscrito no Torneio Laborcordis, na AFM Caxias do Sul. É sempre
uma alegria imensa chegar à sede e encontrar pessoas que estão mantendo acesa a
chama trazida de Salvador. Lá encontrei, além dos dois que foram me apanhar na
CIC, Maciel, Mário, Carraro, Luiz Ernesto Pizzamiglio, Sandro, Walter,
Alexandre Prezzi, Hemerson, Pica Pau, Nelson Prezzi, Aramis, Vinicius e Mateus.
A minha chave era de uma
facilidade espantosa: Daniel Maciel e Luiz Ernesto Pizzamiglio. Sem treino, sem
conseguir controlar os botões, a bolinha, fui presa fácil e até agradeci, pois
após duas partidas pude descer e assistir ao colorado vencer o Palmeiras,
apesar do gol de mão que queriam que fosse validado, para poderem somar um
pontinho, tentando fugir da zona de rebaixamento. Ao terminar o jogo, subi e
pude então assistir aos jogos finais, todos eles desenvolvidos em um futebol de
mesa de alto nível. Acredito que poderemos fazer frente aos amigos nordestinos
nesse brasileiro.
A partida semifinal entre Maciel
e Carraro foi um jogo de encher os olhos, idêntico ao confronto entre Pizza
Filho e Mário. Nas disputas de terceiro e quarto lugar, coube a Mário vencer,
nos pênaltis ao presidente da FGFM, Maciel. Então todos os olhos voltaram-se
para a partida final. Daniel Pizzamiglio (o homem de gelo) e o excelente
Carraro. Daniel com a vantagem do empate
sofre um maravilhoso gol. Mas, continuou jogando com a mesa frieza que
demonstrara até levar o gol. E no final da partida consegue empatar, com um gol
de bela feitura, sagrando-se novamente campeão desse torneio tradicional
caxiense.
Confesso que estou com medo dessa
fria, que o presidente Maciel me colocou, fazendo disputar a categoria Máster,
em Salvador, depois de ver jogadas maravilhosas efetuadas pelos quatro finalistas.
Posso dizer que no tempo que eu conseguia competir, jogava-se um futebol de
mesa bem diferente, sem tantas cavadas. Como jogo com ficha redonda, jamais
terei a precisão que eles possuem em cada jogada. Mas, como será a minha
despedida oficial, pois pretendo jogar de agora em diante só para me divertir,
sem caráter oficial, vou para lá ser mostrado como peça de museu, um
remanescente do primeiro campeonato realizado no distante ano de 1970.
A canseira foi enorme, mas tudo
valeu à pena. As duas reuniões com pessoas que participaram da minha vida, que
me ajudaram a ser o que sou, o encontro com esses botonistas caxienses que
estarão fazendo chover em Salvador, juntamente com o restante da delegação
gaúcha, as aulas que recebi do Pica Pau, do Maciel e do meu tradicional
adversário Luiz Ernesto Pizzamiglio, o Pizzapai, suplantaram as dificuldades de
várias horas na estrada.
Posso dizer que fiquei feliz com
esses encontros e espero poder, no ano vindouro repetir tudo isso.
As diferenças da
Regra Brasileira da minha época para a atual
Confesso que as mudanças no estilo de jogo me deixaram confuso. No tempo em que eu era um pouco competitivo, jogava-se mais no afã de tentar lançamentos, procurando tirar os defensores adversários, deixando liberdade para os nossos atacantes tentarem o gol. Lembro ainda que a falta técnica foi instituída em razão da maneira de jogar de Cesar Aureliano Zama, que representava o Cruzeiro mineiro, e que ao bater o tiro de meta conseguia tirar um zagueiro e cobrir o outro que estivesse com possibilidade de cortar ou cobrir a bolinha. Tinha ocasiões que ele conseguia tirar dois zagueiros de uma só vez. Numa das primeiras versões da regra essa prática foi considerada falta técnica.
Nessa experiência, junto aos meus
queridos conterrâneos, verifiquei que se tornou a coisa mais natural do mundo
usar esse estratagema. Jogando contra Maciel e Pizza Pai ficava sem pai e nem
mãe, olhando a bolinha parar na minha área, prontinha para ser chutada por um
atacante adversário. E isso se tornou tão comum e corriqueiro que acabei
sentindo a maneira de jogar diferente da qual eu praticava. Talvez o uso da
régua (eu uso e sempre usei ficha redonda), tenha facilitado a precisão dessas
“cavadas” em qualquer parte do campo. Na partida final entre Carraro e Daniel
Pizzamiglio, que fiz questão de assistir de pé e ao lado do campo, verificando
a beleza de cortes, lançando a bolinha para um local ermo, sem defesa, que
mostram a eficiência que ambos adquiriram e que fazem valer em cada lance
efetuado.
Acredito que eu parei no passado
e estou acordando num momento em que o esporte continua com o mesmo nome, mas é
praticado de maneira muito distante daquela trazida em 1967, para o solo
gaúcho. É a evolução? Acho que sim, pois se paráramos para olhar os filmes
antigos feitos em Olimpíadas, mostrando o esforço daqueles abnegados esportistas,
e, depois rodarmos películas atuais, com as marcas inimagináveis atingidas
pelos atuais desportistas, só acreditamos por ter visto o desenrolar de ambos
documentários
De acordo com alguns botonistas
mais antigos, muitos dos seniores e máster que estarão em Salvador, não
utilizam as “cavadas”, preferindo a criação do tipo mais antigo. Assim talvez
eu possa conseguir jogar “quase” de igual para igual contra eles. O progresso
exige acompanhamento e eu não estou tendo tempo para me atualizar.
Retorno de
Livramento ao circo gaúcho do futebol de mesa
Meu querido amigo Sérgio Oliveira
me repassou uma noticia maravilhosa que resgatou a memória do grande irmão
Dirnei Bottino Custódio. Livramento está voltando ao futebol de mesa e em breve
teremos as feras fronteiriças arrebatando troféus em competições pelo nosso
estado e pelo país inteiro. Os botonistas formados por essa escola se
espalharam pelo Brasil e continuam jogando. Mas, o berço natal ficou órfão de
praticantes. Há algum tempo reuniram-se esses botonistas natais da bela
Livramento e voltaram para jogar um torneio. Veio gente até da China para
jogar. Penso que foi benéfico, pois surgem interessados em levantar aquela
Associação de Campeões para a alegria do querido gordo Dirnei, que deve
acompanhar esses esforços, lá do alto do Paraíso, acompanhado por tantos outros
amigos que sempre foram amantes fieis ao futebol de mesa.
Um abraço a todos os amigos e até
daqui mais quinze dias.
Um comentário:
LH.ROZA...
Meu amigo AC.SAMBAQUY...
Ler suas narrativa, é sempre uma oportunidade de retornar aos bons tempos.
Relembrar nomes de pessoas que fizeram de seus gestos, histórias memoráveis e dignas do que é ser um verdadeiro botonístas.
Um forte abraço.
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