terça-feira, 17 de janeiro de 2012

GOTHE CROMO GOL - OSMAR IOST




















Uma vida de Futebol de Mesa
Prezados leitores, meu nome é Osmar Iost Jr e no dia 02/01/2012 recebi o convite de Ricardo Gothe para fazer o primeiro cromo do ano. Nem pensei muito ao responder "sim", como praticante de futebol de mesa por quase toda a minha vida, sou leitor e apreciador deste que é o maior e mais completo blog sobre futebol de mesa, gostei muito de poder contribuir. Afinal, quem consegue manter um blog por tanto tempo, com atualizações diárias e informações quentinhas sobre o nosso esporte? Esse cara está entre os maiores entusiastas que eu conheci no futebol de mesa, Ricardo Gothe. Obrigado pelo convite.
Infância
Nasci em dezembro de 1961 e muito cedo conheci o "jogo de botão", meu saudoso pai jogava na mesa da cozinha com meus tios e alguns amigos, jogavam literalmente com botões, só que de "casacão", era o que de melhor havia naquela época.  Logo ganhei de presente dois times de panelinha, aqueles com as carinhas dos jogadores coladas no centro, a paixão se propagou e na vizinhança a grande maioria dos meninos já tinha o seu time. Rapidamente os panelinhas viraram fichas para impulsionar os recém-surgidos "puxadores", que eram devidamente “fardados” com escudos, extraídos da revista Placar, cuidadosamente recortados e colados com fita durex , juntamente com o número e o nome.
Naquela época, na minha "zona" que abrangia não mais do que dois quarteirões, havia nada menos que 20 garotos na minha faixa etária ou próxima. Não demorou muito para passar da bolinha de gude e da pipa para o jogo de botão. Logo começaram a surgir os campeonatos, reunia mais de uma dezena de garotos de 8, 10 anos e era sempre um acontecimento memorável. Os momentos que antecediam o sorteio das chaves eram de uma euforia indescritível. Foram muitos anos de campeonatos, eles aconteciam na minha casa, na casa de Antônio Marcos Passos de Mattos ou na de Antônio Carlos de Mattos Roxo e na dos demais, com menor frequência. Os maiores ganhadores eram Antônio Marcos, Sérgio Otto e Francisco Pinto, o Kiko. Eu e mais dois, a seguir, no segundo grupo. Essa turma se manteve unida pelo jogo de botão por muitos anos, impossível saber quantas dezenas de campeonatos aconteceu entre nós.  Tinham também os mini campeonatos, eram quase diários e os participantes eram, além de mim, o Antônio Carlos de Mattos Roxo, Cyro Pereló Barcelos e um ou dois “cobaias” (risos), estes aconteciam de manhã, antes do colégio ou no final da tarde após a aula. Quando viramos rapazes, com 14, 15 anos, começamos a atravessar "fronteiras" e a jogar contra adversários de outras zonas. Naquela época, estava em alta o troca-troca, a cada campeonato os times ganhavam reforços, oriundos das trocas ou das compras de passes, isso sempre dava muito que falar, os melhores botões, todos conheciam e cobiçavam. Certa vez a turma foi avisada que viria jogar o nosso campeonato, um cara de outra zona, e que o tal cara tinha uma caixa com 300 botões. Inacreditável, para nós era coisa de outro mundo um cara com tamanha quantidade de botões. No dia do campeonato, conheci o Neitor , a caixa dele tinha dezenas de botões, todos polidos, lindos e era apenas uma pequena parte dos 300. Vencendo a concorrência, consegui fazer uma troca com ele, a contratação que encaixou no meu Corinthians era um centroavante de caída (rampa), cor de laranja em cima e duas camadas brancas em baixo. Antes mesmo do sorteio ele passou a se chamar Zé Roberto, que era o centroavante do Corinthians, na época.  Impossível, não lembrar o que aconteceu a seguir. No sorteio, ficou estabelecido que o meu primeiro adversário no campeonato fosse o cara dos 300 botões. Foi uma das maiores goleadas da época, 7 x 1 para mim e com 6 gols do Zé Roberto, ofuscando a fama do cara dos 300 botões, ele deve ter ficado arrependido por ter negociado aquele craque comigo.  Ainda naquele tempo, era comum trocar de time a cada semana, e houve um momento que o meu time foi o América (MG), o tripé do meio campo eram Pedro Omar, Juca Show e Spencer, titulares até hoje do meu América. Logo em seguida, a turma começou a se dispersar e essa primeira etapa infelizmente teve um fim.
Não lembro exatamente, mas perto de fazer 18 anos, alguns amigos já tinham se mudado de casa, eu e os que ficaram já nos ocupávamos mais com as namoradas, veio à faculdade e o trabalho, o jogo de botão foi perdendo um pouco sua importância, mas o time, os botões, continuavam a postos, prontos para algum desafio. Na verdade foi um bom tempo que passou até a transição da infância para a garagem se consolidar.
A garagem
 A seguir, no Clube Brilhante e com os amigos do futebol, fui sondando alguns que ainda se interessavam pelo jogo de botão e não demorou muito para eu descobrir uma nova turma, jogavam campeonatos aos domingos à noite, na garagem da casa de um deles. Perfeito, domingo a noite não atrapalhava nada. Eu não os conhecia muito bem, mas, o que importa? Não tardou o meu primeiro domingo jogando campeonato de botão com essa turma, já aos 20 anos. Para minha surpresa, os caras jogavam por dinheiro, cada um casava uma pequena importância e os dois primeiros dividiam o prêmio, a cada domingo. Não era bem o que eu procurava, mas foi o que encontrei, então, não seria esse motivo que me faria desistir. O negócio era meio acirrado, havia bicho extra e algumas outras esquisitices como arbitragem suspeita e torcida hostil (risos), mas logo me ambientei e comecei a levantar canecos. No meu primeiro ano, fui o que ganhou mais vezes.
Em 1983, o dono da casa, até então o maior ganhador, depois de mim, inventou a tal “Copa Toyota”, que seria disputada no final do ano, entre os dois maiores ganhadores dos campeonatos que aconteceram durante o ano. Pareceu-me que ele não havia ficado satisfeito em perder o primeiro posto. Então, em dezembro de 1983 levantei a “Copa Toyota” com uma vitória por um gol a zero sobre Oscar, o dono da casa.
No início de 1984, circulou a notícia que um tal Chinês, campeão da cidade, jogaria os campeonatos conosco. Foi assim que conheci o Zé Felipe, ele era o Chinês, e logo passou a ser o cara que dividiria comigo as conquistas de domingos à noite. O destino trouxe até mim, o então, Campeão da Primeira Divisão da APFM, próximo futuro campeão da Divisão Especial, do Estadual Especial e da Taça RS. Na garagem, por um tempo, ou ganhava eu ou ganhava Zé Felipe, era bem equilibrado. Certo dia ele me disse:
- Osmar, tu sabe jogar isso, porque tu não vai lá na Associação? Vamos fazer um treino!
Chegando à APFM, quase não acreditei no que vi, mesas e goleiras enormes, eram 6 ou 7 mesas, muitos caras jogando, fantástico. Fiquei positivamente impressionado e como se não bastasse, a sede ficava a três quarteirões da minha casa. Com um time branco, liso e emprestado aconteceu meu primeiro treino na regra Brasileira. Zé Felipe, sem dar boas vindas, me castigou com uma goleada humilhante, acho que ele fez 11 gols e eu nenhum, é claro que aquele jogo era totalmente diferente do jogo que eu conhecera até então. E foi assim que eu disse para mim mesmo, “Eu vou jogar esse jogo”. Naquele momento deixei de jogar na garagem.
Treze anos de APFM
Inscrevi-me para o campeonato da Primeira Divisão da APFM em 1984 e logo tive que tomar uma decisão. Internamente, não poderia haver clubes repetidos, como havia muitos jogadores, os clubes grandes e tradicionais já tinham dono e foi assim que lembrei Pedro Omar, Juca Show e Spencer, por esses motivos escolhi América (MG).
Naquele ano, havia muitos interessados na primeira divisão, que qualificaria Campeão e Vice para Divisão Especial de 1985. O campeonato começou com quase 20 jogadores, mas muitos não compareciam a alguns jogos, então, a diretoria técnica acabou cancelando o campeonato e reiniciando apenas com aqueles que realmente estavam interessados, eram 10. Para mim foi ótimo, as partidas que eu havia jogado me serviram como treino e consegui me adaptar melhor a regra, a mesa grande e aos botões lisos. Quando finalmente começou o campeonato, o comentário é que havia dois favoritos, Luciano e Roberto Bueno, era eles e mais oito por duas vagas na divisão especial, em turno e returno, por pontos corridos. No final, terminei Campeão sem perder nenhuma partida das 18 que joguei e isso me deixou eufórico, consegui a tão sonhada vaga na Divisão Especial da APFM. Luciano terminou em segundo lugar.
1985
Diferente do que estava previsto, a diretoria técnica da APFM, decidiu aumentar o número de participantes na divisão especial, alguns que não se classificaram na divisão anterior também foram chamados para fazer parte da elite na temporada. Em 1985, o jogo de botão se tornou um jogo sério para mim, passou a se chamar “Futebol de Mesa”, os adversários não seriam mais os mesmos, o grau de dificuldade aumentara consideravelmente. A partir de março eu teria que enfrentar jogadores da divisão especial de uma das associações com nível técnico mais elevado do Rio Grande do Sul. Na APFM não era um ou dois jogadores que se destacavam, eram mais de dez, sendo assim, no primeiro ano, os momentos que antecediam as partidas eram bastante tensos para mim, diante de nomes como, Alexandre Gomes, Aldyr, Pierobom, Zé Felipe, Marcelo Conceição, Figueira, Getúlio, Luís Fernando, Zilber, Malhão, Jader Morales, os irmãos Larrossa e muitos outros grandes botonistas. Não lembro exatamente, mas em 1985 a divisão especial tinha 30 botonistas, a cada sábado era uma pedreira, entretanto ao final da temporada, tive uma campanha muito satisfatória, ficando posicionado perto do décimo lugar, o que no meu entendimento estava excelente para um estreante. Ainda no ano da estreia, tive a oportunidade de disputar o meu primeiro estadual especial, já que ele foi organizado pela APFM. Joguei três partidas, uma vitória por um gol sobre Adriano de Bagé, uma derrota por um gol para Luís de Alegrete e um empate sem gols com Ricardo Bodur, representante do extinto Clube Botonístico Porto Alegre. Com estes resultados, fui eliminado na primeira fase da competição. Apesar da eliminação, jogar esse tipo de torneio me fez sentir uma adrenalina diferente, era um motivo a mais para aumentar a paixão pelo esporte. O estadual de 85 foi vencido por um lendário botonista Jaguarense, conhecido pela agressividade na mesa, por chutes, cavadas e cortes improváveis, Álvaro Acosta, o Pitchon, ele votará a ser citado nessa história. O segundo lugar foi de Jader Morales da APFM.
Lisos e Cavados
O ano de 1985 também ficou marcado na minha memória porque foi quando os botonistas da APFM seguindo os de outras associações começaram a cavar os seus times. Primeiro alguém cavou o centro- médio depois outro cavou os dois zagueiros, logo apareceu uma defesa inteira cavada e depois, a maioria cavou o time todo, com exceção dos dois pontas e por último, todos cavaram também os pontas.


















Em janeiro de 1986 aconteceu em Pelotas, organizado pela APFM, o XIII Campeonato Brasileiro, com 96 participantes de todo Brasil. Eu não imaginava que pudesse haver uma competição como aquela, com tantos botonistas e de várias partes do Brasil, o meu entusiasmo pelo jogo só aumentava cada vez que me deparava com a grandeza do futebol de mesa. Eu e Zé Felipe fizemos alguns treinos, ele para tentar vencer a competição e eu para não fazer feio. O meu jogo aos poucos evoluía e se não podia me imaginar na zona de premiação, pelo menos nunca fui saco de pancada, era o que eu pensava naquele momento. Os objetivos por pouco não atingiram o alvo, Zé Felipe foi terceiro colocado, depois de campanha brilhante e semifinal equilibrada contra Roberto Larrossa, decidida nas penalidades. Eu joguei as três partidas da primeira fase, conseguindo resultados semelhantes ao do estadual do ano anterior, empate em um gol (foto) com Maroninha da AFUMEPA, derrota por três gols a dois para Serrinha da Bahia e vitória por dois gols a zero sobre Pitchon, talvez tenha vencido esta partida por respeitar demais o então, atual campeão do Rio Grande do Sul. Na final, Aldyr segurou o empate com Larrossa e sagrou-se o grande campeão brasileiro. Durante o campeonato, conheci Ronir Oliveira e Mário Constantino, o Mané, entre outros. Os dois se tornaram meus primeiros amigos do futebol de mesa de fora de Pelotas, tenho muito carinho e admiração por eles.
Depois dos primeiros meses de convívio com o pessoal da APFM, das experiências vividas em viagens e torneios, das amizades decorrentes disso, tornou-se impensável a minha vida sem o futebol de mesa, eu estava inteiramente seduzido por tudo que fazia parte deste meio, depois da minha família, dos meus amigos e do meu trabalho, o futebol de mesa passou a ser a coisa mais importante.
Nos anos seguintes não foi diferente, fui aos poucos me identificando com alguns personagens e os laços de amizade se fortalecendo, as viagens se tornaram frequentes e histórias extraordinárias se sucederam. Todas elas seriam contadas exaustivamente nos churrascos das quintas feiras na casa do Luis Fernando Silva, motivo de momentos hilários, tendo como mais frequente personagem, o nosso CHEFE, Zilber.
Certa vez, Rodolfo, filho de Jorge Malhão disse:  - não entendo!  Vocês se reúnem todas as quintas feiras, contam sempre as mesmas histórias e em todas riem.   
Claro que Rodolfo não entende. A maioria das histórias que contamos dos bastidores do futebol de mesa são motivos para rir muito, e por toda à vida (risos).
À medida que passa o tempo e os anos, fica evidente que o campeonato da APFM realmente era muito difícil, entretanto, aos poucos fui galgando melhores classificações, embora sempre ficando fora do G4. No ano de 1990, consegui classificação para a minha primeira Taça RS, juntamente com Sérgio Pierobom, o juiz foi o Chefe, naquela época, ele ainda não era Chefe, embora mandasse na maioria dos comparsas. A Taça seria realizada dias 5, 6 e 7 de dezembro, e o meu aniversário era exatamente dia 6. Fiz uma bela campanha na fase classificatória, mas faltando três rodadas para o final da fase, fui derrotado por Rubens de Passo Fundo por dois gols a um e folgava na última rodada, restava-me vencer o invicto Pitchon e torcer para que ninguém me passasse na última rodada, mas, certamente ninguém apostaria nisso, ele estava em grande fase. Ao devolver a bola na saída do meio de campo, Pitchon deu um repique e a bola sobrou para Pedro Omar, número 5, cavador. No capricho, acertei o cantinho e resisti até o final, não houve mais chances de gol para lado algum. Depois dos resultados da última rodada, Rodney Custódio e outro botonista que não lembro, foram eliminados e Breno Kreuzner alcançaria a mesma pontuação minha, a vaga seria decidida em pênaltis. Converti três e Breno um, eu estava em uma semifinal com Paulo Schemes , na outra se enfrentariam Pitchon e Luis Eduardo Machado, o Careca. Paulo Schemes comete um erro e sobra um chute lá de trás para Pedro Omar, a bola passa entre vários botões e entra em um pequeno canto, inesperadamente. No segundo tempo muita pressão, Paulo veio para cima, teve duas chances, mas aquele era o meu dia, eu estava na final e pela terceira vez teria que encarar o grande Pitchon. Inicio de jogo, cavo uma bola no meio de campo, pelo meu lado esquerdo, resolvi atravessá-la para a direita entre os botões que estavam ainda posicionados junto à linha do meio de campo, para tirar o lateral esquerdo adversário, já que o zagueiro não estava mais em sua posição. Pitchon prefere devolver com o centro-médio, pega de raspão e a bola sobra para Helinho, número 7, gol. O resto do primeiro tempo foi uma pressão infernal, mas consegui segurar o 1 x 0. No segundo tempo, novamente Pitchon vem para cima, cortando e cavando tudo, mas eu também acertava tudo, até que ao cavar uma bola em sua área, ele teve a infelicidade da bola voltar em sua mão, Pênalti, 2 x 0. Em seguida, sobra uma bola para o meu lateral esquerdo Renato, 3 x 0.
Pitchon era um botonista que eu temia, talvez o único. Eu havia ficado muito impressionado com jogos que assisti dele, para mim era o mais agressivo de todos e dominava com maestria todos os fundamentos, creio que não era só eu que pensava assim, mas o fato de respeitá-lo demasiadamente, talvez tenha me credenciado a vencê-lo. Dois ou três anos atrás, soube que ele jogaria um torneio no COP, saí de casa e fui vê-lo jogar, tamanha a admiração que tenho por ele e pelo jogo dele. Se tivesse que citar os cinco maiores de todos os tempos, Pitchon certamente estaria na minha lista.
Depois de eu ganhar a Taça RS, em 92 fomos campeões por equipe em Passo Fundo, sobre o COP, Eu, Alexandre Gomes, Figueira e Luis Fernando Silva. Em 93 numa final nervosa e com grande torcida, novamente vencemos o COP e nos sagramos bicampeões, mas Said substituiu Figueira. Na final, o empate dava o título ao COP, faltando 7 minutos para o fim, todos os jogos estavam empatados em zero, Marcão faz uma cobertura curta e sobra uma bola muito apertada para Helinho 7, ele novamente. Olhei de perto, a única possibilidade era a bola entrar no canto superior direito, talvez num espaço de um centímetro quadrado, eu supunha. Foi exatamente ali que a bola entrou, idêntico ao gol contra Maroninha (com mais perigo de falta), este foi o gol mais emocionante que eu fiz, sem dúvida alguma, parecia que o ginásio viria a baixo, vibramos muito e conseguimos o bicampeonato, em casa. No ano seguinte, perdemos a final para o SCRG, fomos vice (Osmar, Alexandre, Gustavo e Aldyr), o tri consecutivo passou raspando para a nossa equipe. Em 96 seriamos novamente vice (Osmar, Alexandre, Zilber e Aldyr), perdendo por um tento a zero para Santa Vitória.
Em 93 consegui meu único título interno da APFM, num hexagonal final contra Alexandre, Bira, Aldyr, Gustavo e Figueira.
Logo depois disso, o meu afilhado mais velho, Marcelo Iost Vinhas, começou a fazer parte desta história e por um bom tempo me dediquei aos juvenis da APFM, organizava campeonatos aos domingos pela manhã e muitos daqueles garotos são hoje meus companheiros de futebol de mesa. É claro que não fui só eu que fiz isso, mas tive a felicidade de participar da iniciação de vários de nossos meninos, sobretudo de Marcelo.
A APFM era uma associação muito forte e muito grande, no início de1997 tinha perto de 50 botonistas, quantidade difícil de administrar em um ambiente competitivo. Havia grupos distintos, o que é natural. Por ter posicionamento diferente em relação a uma determinada questão, o grupo a que eu pertencia decidiu sair e fundar a Academia de Futebol de Mesa.
ACADEMIA DE FUTEBOL DE MESA
Fundada em 8 de abril de 1997, a Academia  começa suas atividades com um grupo não muito grande, mas com objetivos bem definidos, formar um grupo de amigos, para jogar futebol de mesa , se divertir e nas quintas feiras comer churrasco e contar histórias, até os dias de hoje não é diferente.
Logo se juntaram aos fundadores, os filhos e os sobrinhos e assim, já estávamos formando um grupo para o futuro, Jorge Malhão dizia que era a nova geração, mas equivocadamente, se incluía nela (risos). Os meninos que participavam dos campeonatos nas manhãs de domingo, logo começaram a nos dar alegria. Por três ou quatro anos acompanhei-os de perto, sobretudo porque meu afilhado competia ainda nos Juniores. Caminhei muito na volta das mesas, monitorando os nossos futuros campeões, embora Marcelo tenha conquistado seu primeiro grande título na minha ausência. Campeão Estadual de Juniores em Bagé no ano de 2001. Acho que foi Sérgio de Oliveira que me disse, “ainda bem que tu não estavas lá”, indiretamente me chamando de pé frio (risos). Para minha alegria, muitos outros viriam a seguir, ele saberia trilhar estes caminhos.
Sérgio Pierobom foi o primeiro, Michel Pierobom o segundo e eu fui o terceiro a vencer o campeonato da Academia, em 1999 e outra vez em 2002. Na verdade, embora eu não entregue a rapadura com facilidade, eu já estava bem satisfeito com o que havia conseguido no futebol de mesa. Entretanto, nos anos de Academia, tive boas participações em campeonatos estaduais especiais, mas foi na categoria sênior que consegui mais uma final. Em 2010, ao vencer o grande Paulo Schemes por um gol a zero, conquistei o Estadual Sênior. No liso sênior, também em 2010, fui surpreendido na final por Breno Kreuzner, dois gols a um, ficando com o vice.
Em 1999, depois de perder nos pênaltis as quartas de final do Brasileiro de Natal em uma mesa embarradíssima, decidi que a partir daquele ano, só disputaria brasileiro na categoria liso. Nos anos seguintes, outros jogadores também começaram a mostrar interesse por essa categoria e por esse motivo, logo a AFM Caxias estaria filiada a FGFM, trazendo de volta ao calendário da Federação, disputas de campeonatos da modalidade lisos. E foi assim que a mundo do futebol de mesa pode conhecer pessoas muito especiais, os Caxienses.
A partir de 2007, a Academia incluiu em seu calendário a modalidade liso e passou a ter campeonatos regulares. Em 2011, prioriza a modalidade, deixando para o cavado, apenas torneios de fim de semana. Assim se consolida a presença do meu segundo e querido afilhado na Academia, Otávio Iost Vinhas, minha felicidade estava completa.
Duas historinhas verdadeiras
“Num domingo de manhã, após um torneio em Santa vitória, voltando do Chuí, estávamos no carro de Zilber, o próprio, Eu, Marcelo Conceição, Ronir e um pote de 5 kg de ‘dulce de leche’. De repente, Eu, Ronir e Marcelo sentimos uma vontade incontrolável de provar o doce do Chefe, que negou com veemência, argumentando que não tinha colher. Foi em vão a veemência, comemos com réguas e até com os dedos (risos), para lamúria do nosso Chefe”.
“Certo dia, eu estava na casa de amigos, na praia do Cassino, ao olhar para rua, vejo um menino, caminhando, chutando pedras e falando sozinho. Dias depois, através de amigos em comum, o menino soube que eu jogava futebol de mesa, não tardou a me questionar a respeito. Sabendo da novidade, disse que queria jogar uma partida. Ciente da ingenuidade do menino, aliviei, fiz com que o placar não passasse de um 2 x 2, para não desanimá-lo. No dia seguinte, soube que a noticia que o menino espalhara era que tinha empatado com o Osmar, o nome do menino era Pedrinho.”
Quando menino, ou quando jogava na garagem, não imaginaria o quanto de alegria e felicidade estaria por vir com o jogo de botão, certamente a minha vida esportiva teria sido bem diferente sem os amigos do futebol de mesa.
Obrigado a todos os grandes amigos que conquistei no futebol de mesa, desde menino e até os dias de hoje, não os relaciono aqui porque corro o risco de cometer alguma injustiça esquecendo algum, todos se sentirão citados nessa história, com toda certeza.
Um forte Abraço.

14 comentários:

Cristian Baptista disse...

Interessante como as histórias se cruzam e como as amizades conquistadas através do futmesa são valorizadas. Minha sugestão para o próximo Cromo é titio Ronir. Certamente tb fará menção ao Osmar e enriquecerá essa bela época do nosso esporte. Lembro como se fosse hoje a repercussão da Taça RS vencida pelo Osmar. Toda a gurizada da época do SCRG estava no auge da "fome". Sem internet e celular, obter informação era muito difícil. Teve uma história extraordinária nessa Taça (não lembro detalhes) envolvendo o grande Betão. Uma discussão sobre filiação ou regulamento fez o falecido Gilberto Almeida percorrer Rio Grande / Livramento 2x no final de semana de ônibus para buscar a cópia de um documento.
Esse é o nosso Futebol de Mesa. Abs.

ASSOCIAÇÃO RIOGRANDINA FM disse...

Parabéns Osmar Show! Um "cromo gold"!!! Te respeito muito, primeiro pela tua postura, segundo pela tua contribuição ao futmesa.
Primeiramente, teu Cromo me elucidou algumas dúvidas... quer dizer q os botões começaram a serem mutilados a partir do "centro-médio"? Os últimos sacrificados foram os ponteiros? Hj vejo q, gradativamente, estamos reparando este erro...
Em segundo lugar, na época da "Garagem" ainda não conhecias o Zilber? Se já, seria uma ótima forma de conseguir "algum", já que jogavam a dinheiro...
1 abraço
Alex Degani

pandapel disse...

Está de parabens novamente o gothegol por mais este cromo envolvendo um dos "GENTLEMAN DO FUTEBOL DE MESA " chamado de OSMAR IOST grande amigo,incentivador e com grande carater no qual tenho o prazer de ser seu amigo juntamente com sua associaçäo onde sugiro fazer um cromo do grande amigo lendario nada menos que sr JOSE BERNARDO FIGUEIRA com certeza merecemos ler sua historia que deve ser bonita no futmesa do nosso estado referencia para todo BRASIL um grande abraço a todos leitores do gothegol.

Pedrinho Gmail disse...

Belíssimo texto, de um excelente botonista e ótima pessoa. Se não fosse o Osmar descobrir o meu "talento", eu não estaria no futebol de mesa.

Abraços, Guri que falava sozinho e chutava pedras...

Maurício disse...

Grande Amaury Jr.!!!

Parabéns pela belíssima história que tu tens com o futebol de mesa, com certeza tu esta na galeria dos grandes botonistas, dentro e fora das mesas!!!

Grande abraço do teu amigo Chambinho!!!

Daniel disse...

Este é o futebol de mesa com histórias maravilhosas de vida e amizade construidas por pessoas de caracter como o grande Osmar.
Osmar um grande abraço.
Há não deixa de me mandar o modelo do teu oculos atual.
Tamo Junto....rsrsrsrs.
Dani.

Anônimo disse...

Grande texto, graças ao grande incentivo que o Osmar nos deu é que praticamos esse esporte que tanto amamos, se não fosse o Osmar a nos buscar todos os sábados para ir na APFM ver os jogos e nos domingos pela manhã organizar os campeonatos e principalmente nos levar nos estaduais juvenis, nos dar "aquelas dicas" nos intervalos dos jogos, certamente não teríamos conhecido esse Universo que nos dá tantas alegrias que é o Futebol de mesa.

Parabéns e Obrigado.

Bruno Vieira

SAMBAQUY, Adauto Celso disse...

Grande Osmar,
Maravilhosa história que engrandece nosso esporte preferido. Quantas pessoas encontraram no futebol de mesa um motivo para cultivar amizades, conquistar troféus, criar histórias e viver uma vida inteira. Parabéns e continue sendo essa pessoa maravilhosa que conheci no XXIX Centro Sul em Caxias e que espero rever muitas vezes.

Um grande abraço.

lhroza disse...

LH.ROZA...
OSMAR !!! o que se pode acrescentar ainda mais ??? depois desta tua bela narrativa.

Só deixas-te de relacionar que alem desta paixão do "FUTMESA" que tanto nos contamina, haver outra talvez nas mesmas proporções que SER XAVANTE.

Um forte abraço, agradecendo por fazer parte de seu seleto círculo
de amigos futmesistas.

Carlos Kuhn disse...

Prezado Osmar!

Parabéns pela brilhante narrativa.
O futebol de mesa agradece pela pessoa que és.

Grande abraço do amigo

Carlos Alberto

Augusto 2 - toques disse...

Realmente muito bom, melhor que o do CHEFE, não vai ficar assim...

AFM Caxias do Sul disse...

Meu Querido Amigo Dindo!
Valeu por nos citar em seu belo Cromo, nos sentimos honrados em fazer parte desse esporte que amamos tanto!
Parabéns Excelente Cromo!!!
Maciel

mário ribeiro disse...

Parabéns meu caro Osmar,
Sempre fui teu fã, além de grande botonista és uma grande pessoa. O teu cromo é sem dúvida um dos mais valiosos dessa coleção.
Abração!
Mário Ribeiro.

Osmar disse...

Caros amigos,

volto para agradecer o apoio manifestado através dos posts, para dizer ao Alex que o Zilber, "por sorte" não jogava na garagem, e que o menino que chutava pedras e falava sozinho, certamente planejava algo grandioso para o futuro.

Grande abraço a todos!